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“CHAMAME” é registrado como bem de natureza imaterial de Mato Grosso do Sul

Campo Grande (MS) – O Instituto Cultural Chamamé MS solicitou ao Governador Reinaldo Azambuja o devido registro do gênero musical denominado “CHAMAMÉ” como “BEM DE NATUREZA IMATERIAL DE MATO GROSSO DO SUL”, como forma de expressão musical autêntica enraizada nas tradições da cultura do Estado, com base do Decreto Nº 3551 de 04 de agosto de 2000, que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial.

O chamamé é a música de maior expressão do sul-mato-grossense e faz parte da sua identidade cultural musical, com seus antecedentes históricos remontam ao intenso processo migratório verificado no século XIX, tendo como epicentro a Guerra do Paraguai e na sequência o ciclo da Erva Mate, protagonizados por incontáveis caravanas de carretas boiadeiras vindouras do norte da Argentina, especialmente da Província de Corrientes, margeando a cordilheira da serra de Amambai, como também em grandes proporções os paraguaios pela rota do Chiriguelo e Bella Vista, com o seu trabalho na lida do campo, usos, costumes, rituais religiosos, artesanias, poesia e danças, houve um ritmo musical que acompanhou a trajetória do assentamento dessas populações, sendo então a manifestação folclórica deste nascente povo, de geração em geração, esta sonoridade e riqueza rítmicas e amalgaram ao sentimento de pertença dos que decidiram aqui tomar o seu destino.

Entretanto é nos anos 60 que se assenta definitivamente o nome e a estética musical deste bem cultural através de um acordeonista “su generis” nascido em uma fazenda na Serra de Maracajú, o “Zé Corrêa”. Este ícone regional contribuiu definitivamente através de sua seminal produção discográfica na consolidação do termo CHAMAMÉ no meio social. Este gênero musical imemorial, ganhou nova paginação, recebendo contornos estilísticos marcantes a partir da execução do acordeon de Zé Corrêa, tornando clássica a técnica por ele desenvolvida, amplamente conhecida e disseminada entre os acordeonistas do Estado, constituindo a técnica de tocar duetado. A presente técnica consiste em utilizar ambas as mãos tanto no piano do acordeon, quanto ao lado esquerdo do instrumento chamado “baixaria”, imprimindo uma sonoridade grave sentimental que transmite especial nostalgia em nossas doces melodias que são sentidas e intensas. Em que pesem todas as transformações do século XX, a persistência desta manifestação folclórica ancestral e admirável, pois esse singelo ritmo campeiro forjado em chão batido, lapidado pelos sons da natureza, assim revestido de personalidade onomatopaica é o que sobrevive dos pioneiros que são elementos formadores e fundadores do ser e da gente sul mato-grossense, sendo no presente seu vestígio “material”.Em 2017, a pedido do Instituto Cultural Chamamé e por decisão do Conselho Estadual de Cultura, o chamamé foi oficialmente declarado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado”. No Mercosul o gênero musical também já foi declarado “Patrimônio Cultural” e também foi declarado recentemente “Patrimônio Cultural da Humanidade” pela Unesco.

O Instituto Cultural MS Chamamé realiza vários projetos e Acordos de Intercâmbio Cultural com as Provincias de Corrientes, do Chaco, Santa Fé e Entre Rios na Argentina e com o Paralamento Cultural do Paraguay, através do Congresso Nacional. A entidade está aberta a todas as províncias e prefeituras dos países que querem aderir aos convênios de trabalho conjunto de Intercâmbio de Integração e Turismo Cultural. Hoje este trabalho é muito importante pois está integrando Mato Grosso do Sul (Brasil), Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, a um trabalho inédito e conta com o apoio do Governo do Estado de MS, Secretaria de Cultura e Cidadania, Fundação da Cultura e da Rede Educativa de Rádio e Televisão que desde suas fortalezas acompanham este grande desafio, fazendo com que o município de Campo Grande MS seja considerado a “Capital Brasileira do Chamamé” e também por ser a cidade onde se realiza o Festival Cultural do Chamamé mais importante do Brasil.O decreto foi Assinado pelo governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, o decreto n. 15.708 pode ser conferido no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira, (30 de junho de 2021).

O decreto foi Assinado pelo governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, o decreto n. 15.708 pode ser conferido no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira, (30 de junho de 2021).

Foto: Na foto: Cristian Ibarrola y Jessica Mussin, Professores em Artes com orientação em Danzas Folklóricas Argentinas, Gestor Cultural e Diretor do espaço Folklórico Herencias – Resistência, Chaco/Argentina.

Pulicado por Orivaldo R. Mengual


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